Ao fazer zapping entre os canais portugueses, ouvi um educador, não da classe operária mas da classe urbana, "explicar" o problema dos refugiados / imigrantes. Dizia ele que havia muita gente que não queria os imigrantes porque temia que eles lhes fossem retirar os trabalhos, ideia completamente falsa. Nesse sentido, importava (continuou) que os governos e as ONG's trabalhassem com os media de forma a "esclarecer" as pessoas e promover o "debate".
Ou seja, a solução que o doutrinador preconiza para o problema da opinião "errada" de partes substanciais da população é controlar completamente a mensagem, fundindo o poder político com os meios de comunicação social. Estes, ao invés de ser o contra-poder que nas sociedades ocidentais se convencionou ser o seu papel, em nome do equilíbrio e do controle e fiscalização do Estado e dos políticos, deveriam então passar a ser um instrumento e um fantoche do poder político, uma correia de transmissão das suas mensagens. Nem a mistura de ONG's com "OG's" pareceu ao especialista algo de desaconselhável.
Isto seria chocante se não fosse já trivial nos nossos dias. Os jornalistas-activistas não são a excepção mas a regra. Eles consideram-se os guardiões de uma moral social implícita (mas indiscutível), de um modelo de sociedade e valores padrão que não podem ser contestados. Nessa medida, ao invés de reportarem aquilo que realmente acontece e se reveste de importância, seleccionam os factos mais convenientes para alimentar uma narrativa pré-definida, elevando-os ao topo da suposta actualidade. Ou seja, obedecem a uma agenda política.
Existem naturalmente aqueles que entendem o que estão a fazer e que sabem conduzir as coisas nesse sentido, como existem outros que são simplesmente instrumentalizados sem nunca o perceberem. Os comunistas têm uma enorme experiência de controle da mensagem nos media, não apenas nos regimes ultra repressivos das suas ditaduras, mas também nos países nos quais estão fora do poder. Em Portugal antes das primeiras eleições todos estavam convencidos de que o PCP iria ganhar tal a sua preponderância no espaço público que criava (intencionalmente) a percepção de que todos eram comunistas. Os resultados foram uma enorme surpresa.
Muitos consumidores de "informação", senão a maioria, não tendo capacidade crítica nem de discernimento do real do propagandístico, reagem exactamente como desejado e previsto por quem arquitecta as campanhas e estabelece as agendas. O "indignado" consumidor de informação, muito convencido de que está a demonstrar uma grande consciência cívica e a contestar os poderes instalados, não percebe que está a ser induzido e conduzido como se fosse um acéfalo ou estivesse sob hipnose. Com base em informações prestadas por partes interessadas (como ficou demonstrado que os media são), sem conhecer minimamente a realidade da situação concreta e sem exercer o mínimo juízo crítico, o cidadão comum parte para a "indignação", repetindo slogans e chavões, não apenas não percebendo que está a ser instrumentalizado mas até sentindo-se orgulhoso pela sua postura, pela sua "consciência cívica"! Isto quando reage de forma quase pavloviana...
O "debate" público, especialmente em Portugal, não apenas é completamente desprovido de interesse mas ele assenta normalmente sobre coisa nenhuma. Discutem-se "conceitos" abstractos que não correspondem a nada de verdadeiramente substancial ou palpável. É uma realidade puramente verbal, mais emocional do que ideológica que não tem correspondência com nenhuma realidade concreta. Aquela que mais serve à progressão de uma determinada agenda. Os verdadeiros problemas ficam escondidos e fora do discurso, tendo-se criado todas as distrações e empecilhos lógicos à sua correcta formulação.
Mas o problema não é nacional. Pelo contrário, os nossos media - e o que é preocupante é que com uma incidência cada vez maior - servem apenas de correias de transmissão de "ideias" e de "sentimentos" com os quais se alimenta a população. Se esta não fôr capaz de discernir, já não digo o o verdadeiro do falso mas, pelo menos, o factual do opinativo, está condenada a passar por este mundo num estado de semi-sonambulismo. E, se permitir a lavagem cerebral completa, não apenas a não se oporá mas participará até activamente em aberrações sociais.
Muitos consumidores de "informação", senão a maioria, não tendo capacidade crítica nem de discernimento do real do propagandístico, reagem exactamente como desejado e previsto por quem arquitecta as campanhas e estabelece as agendas. O "indignado" consumidor de informação, muito convencido de que está a demonstrar uma grande consciência cívica e a contestar os poderes instalados, não percebe que está a ser induzido e conduzido como se fosse um acéfalo ou estivesse sob hipnose. Com base em informações prestadas por partes interessadas (como ficou demonstrado que os media são), sem conhecer minimamente a realidade da situação concreta e sem exercer o mínimo juízo crítico, o cidadão comum parte para a "indignação", repetindo slogans e chavões, não apenas não percebendo que está a ser instrumentalizado mas até sentindo-se orgulhoso pela sua postura, pela sua "consciência cívica"! Isto quando reage de forma quase pavloviana...
O "debate" público, especialmente em Portugal, não apenas é completamente desprovido de interesse mas ele assenta normalmente sobre coisa nenhuma. Discutem-se "conceitos" abstractos que não correspondem a nada de verdadeiramente substancial ou palpável. É uma realidade puramente verbal, mais emocional do que ideológica que não tem correspondência com nenhuma realidade concreta. Aquela que mais serve à progressão de uma determinada agenda. Os verdadeiros problemas ficam escondidos e fora do discurso, tendo-se criado todas as distrações e empecilhos lógicos à sua correcta formulação.
Mas o problema não é nacional. Pelo contrário, os nossos media - e o que é preocupante é que com uma incidência cada vez maior - servem apenas de correias de transmissão de "ideias" e de "sentimentos" com os quais se alimenta a população. Se esta não fôr capaz de discernir, já não digo o o verdadeiro do falso mas, pelo menos, o factual do opinativo, está condenada a passar por este mundo num estado de semi-sonambulismo. E, se permitir a lavagem cerebral completa, não apenas a não se oporá mas participará até activamente em aberrações sociais.