quarta-feira, 11 de março de 2020

Isto NÃO é teoria da conspiração

Quando era uma criança pensava que a televisão e os jornais davam as notícias tal como elas aconteciam.
A dada altura altura comecei a achar que as "notícias" eram dada de forma selectiva e com alguma parcialidade.

Mais tarde constatei que elas obedeciam a uma determinada agenda.

E hoje sei que visam moldar a forma como pensamos, tendo-se afastado por completo por qualquer noção de rigor ou verdade para impôr uma agenda e uma visão política e social.

Sempre houve alguma parcialidade. Todos somos humanos e portanto a objectividade é em larga medida uma ilusão. Mas até alguns anos atrás havia alguma contenção, algum sentido deontológico, alguma decência. Hoje já não.

As coisas têm vindo a agravar-se ano após ano. Com Obama, a esmagadora maioria dos media abandonou todo o sentido de rigor e imparcialidade. Como Obama era um candidato negro, os media achavam que era a sua "obrigação moral" ajudá-lo a ser eleito Por isso ignoraram todas as gaffes e fragilidades de Obama, ao passo que atacaram impiedosamente os seus adversários.

Com Trump as coisas atingiram um novo extremo. Durante anos (pelo menos 3, apenas nas últimas semanas tendo as coisas acalmado) todos os dias havia várias "notícias" negativas sobre Trump: Trump chamara violadores aos mexicanos, gozara com deficientes; o seu chefe de campanha agredira uma jornalista; todos os dias iam surgir relevações chocantes sobre a Rússia; depois Mueller, na sua investigação de dois anos (!), ia acusá-lo de crimes hediondos; quando nada saiu dessa investigação, era preciso que o relatório Mueller fosse conhecido na sua totalidade, porque se iam descobrir coisas escabrosas; depois que Mueller fosse testemunhar ao Congresso - aí é que se iam conhecer os podres; e depois de 3 anos de Rússia, veio o impeachment sobre... a Ucrânia; todos os dias se iam conhecer novos dados, testemunhos arrasadores; e no fim foi só porque John Bolton não depôs no Senado que o caso não ficou provado...

Durante três anos, ligar a CNN era invariavelmente ouvir repórteres histéricos repetir Rússia, Rússia, Rússia... Depois disso, de um dia para o outro, Ucrânia, Ucrânia. Mas sobre o caso subjacente, sobre se Joe Biden teve ou não negócios impróprios na Ucrânia, nem uma palavra (a Fox é - neste caso - a excepção)...

Mas as coisas não ficam por aqui. O controlo da informação, a propaganda, a desinformação exerce-se de forma igualmente apertada nas redes sociais e internet em geral. 

Vou dar um exemplo concreto: recentemente Biden esqueceu-se (pelo duas vezes), do nome de Obama. Uma pesquisa muito concreta no youtube por esse facto deveria devolver os resultados esperados. Mas não. Como o youtube acha que tem que nos explicar que Joe Biden é uma excelente pessoa, para influenciar positivamente o voto em Novembro, dão-nos uma série de resultados que nada têm a ver com o tema. O que há de comum nestes vídeos? São quase todos de democratas e/ou retratam Biden a uma luz favorável. Aqui ficam os resultados:







Nem um resultado relevante! Mas para o youtube (como para a Google ou o Facebook) o que é relevante é lavar-nos os cérebros. 

Por isso temos os "irreverentes" Stephen Colbert e Trevor Noah (que são autênticas marionetas, usadas para cativar os menos politizados e sofisticados) no meio das "isentas" CNN e MSNBC... Depois há os "young turks", um programa inenarrável de apparatchiks democratas (que apoiam ou apoiavam Bernie Sanders). Talvez com excepção deste último, todos  a retratarem Biden como um "garro porreiro", um lutador pelas classes trabalhadoras, o amigo do peito de Obama, o homem que se comove... Só coisas positivas. 

Acho que não preciso de explicar que se pesquisar Trump os resultados vão ser muito diferentes...

Não está aqui em causa se Biden é ou não uma boa pessoa, é ou não um bom candidato, está ou não em boas condições mentais.

A questão é que os media, as plataformas multimédia e as redes sociais não são fontes neutras de factos. Numa frase, não podemos confiar nelas.