sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Esquerda defende censura e guerra

As ondas de choque da derrota de Clinton ainda se fazem sentir.
A desilusão da derrota, quando a vitória já tinha sido anunciada e o fogo de artifício teve que ser recolhido, fez vir à tona os instintos mais básicos de muitos "democratas".

Primeiro foram as manifestações. Muitos argumentaram que as manifestações eram legítimas no quadro da liberdade de expressão. Mas este argumento é dissimulado, para não dizer desonesto. As eleições são a expressão da vontade do povo (ou da vontade dos Estados num sistema de colégio eleitoral, como é o caso dos EUA). Fazer demonstrações de força nas ruas contra o resultado de eleições livres é contrário o espírito da própria democracia. Aliás isso ficou bem patente quando as manifestações rapidamente degeneraram em violência.

Depois foram as recontagens: sem qualquer base factual, uma candidata que objectivamente foi irrelevante nestas eleições veio lançar suspeitas e reclamar recontagens em três Estados, com o único propósito de beliscar a vitória clara de Trump. 

Depois foram as "falsas notícias": supostamente o povo teria sido influenciado no seu sentido de voto por "falsas notícias". Estas seriam também uma ameaça à democracia e à própria segurança dos cidadãos. 

É engraçado que as "ameaças à democracia" variam no seu conteúdo, com uma única constante: nunca vêm da esquerda. Isto é curioso porque quando Trump não se comprometeu a aceitar uma eventual derrota eleitoral (dizendo que teria que olhar para os resultados e que só se estes fossem claros é que concederia a derrota de imediato), Clinton e os média acusaram-no de um "atentado contra a democracia", de um desrespeito pela tradição e pelo funcionamento do sistema americano. Mas quando Trump venceu com resultados claríssimos (uma maioria de 306 eleitores, quando necessitava apenas de 270), a ameaça à democracia deixa de ser não reconhecer os resultados (as manifestações, os pedidos de recontagem, tudo é legítimo) mas passa a incidir nas "falsas notícias" e... nos russos.

Ainda sobre as falsas notícias, é de notar o desejo - já nem disfarçado - de censurar a net. Por aí se vê a duplicidade dos esquerdistas. Aqui já não se coloca a questão da liberdade de expressão... O Facebook (que já aderira na China à política de censura imposta pelo Partido Comunista) já anunciou que irá cumprir com as directrizes da esquerda e que começará a recorrer a organizações parciais e conotadas com a esquerda para fazer a triagem do que é verdadeiro e falso. 

A última e talvez mais irresponsável das tentativas da esquerda para subverter o resultado das eleições é a de acusar os russos de terem sequestrado as instituições democráticas americanas para beneficiar Trump. Esta acusação é de uma irresponsabilidade e de um ridículo sem limites. Primeiro porque, como Putin ironizou, os EUA  não são, que se saiba, uma república das bananas na qual as instituições estejam à mercê de manipulação por poderes estrangeiros. Segundo porque acusar um país importante como a Rússia de um acto hostil, fazendo uso de uma retórica inflamatória nunca seria aconselhável, ainda que existissem provas conclusivas - que não existem - que a Rússia realmente é responsável por um acto de intrusão cibernética. 

Não existem quaisquer provas de que os emails divulgados pelo Wikileaks tenham sido fornecidos pela Rússia a esta organização. Assange nega-o. E é apenas a propósito da divulgação de emails (emails de membros da campanha de Clinton) que todo este barulho está a ser feito. 

A acusação de "influenciar as eleições" é tanto mais patética quanto quase todos os líderes europeus tentaram abertamente influenciar as eleições americanas, manifestando repúdio por Donald Trump. 

Mas as coisas assumem realmente uma gravidade extrema quando, levados por esta espiral paranóica, alguns democratas começam a fazer declarações inflamatórias e a sugerir que os EUA deveriam retaliar contra a Rússia. Keith Olberman, um furioso democrata cujas tiradas demagógicas e extremistas levaram a que até a MSNBC achasse demasiado e o demitisse, declarou há dias num canal do youtube que os EUA estão em guerra com a Rússia. 

A Rússia, tal como a China, são potências em relação às quais é necessário medir bem os passos antes de os dar. Tanto Bush como Obama perceberam que uma confrontação directa com a Rússia era impensável e evitaram-na, ainda que tenham tido que recuar. Retórica que compromete os EUA com posições agressivas em relação à Rússia só pode ter duas consequências: uma guerra global e possivelmente nuclear ou um recuo humilhante dos EUA. Os russos devem ser mantidos em cheque e não lhes deve ser permitido trespassar as linhas geoestratégicas ocidentais. Mas não se deve tentar encurralar e atacar directamente a Rússia. Putin e o povo russo não deixariam de responder. 





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